A remoção de quase todos tradicionais bebedouros públicos do Parque Ibirapuera, substituídos por barracas que vendem água, tem gerado indignação entre os frequentadores do parque mais icônico de São Paulo. A Urbia, empresa responsável pela administração do espaço desde 2019, é alvo de críticas por forçar os visitantes a comprar água, o que afeta diretamente quem utiliza o parque para lazer e atividades físicas.
Urbia Remove Bebedouros do Parque Ibirapuera e Impõe Venda de Água, Prejudicando Frequentadores
O que muitos não sabem é que essa concessão foi facilitada durante a gestão de João Doria como governador de São Paulo, quando ele cedeu uma área de 85 mil metros quadrados do parque à Prefeitura de São Paulo, permitindo que o espaço fosse transferido para a iniciativa privada. A concessão foi realizada com a promessa de modernizar o parque e atrair investimentos, mas o resultado prático, até agora, tem sido considerado negativo por parte dos frequentadores.
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Impacto Direto nos Frequentadores
A retirada quase que total dos bebedouros impacta diretamente aqueles que usam o parque para práticas esportivas como corrida, caminhada, ciclismo e exercícios ao ar livre. “Usar os bebedouros do parque fazia parte da minha rotina de treino. Agora, sou obrigado a comprar água, e isso encarece minhas visitas regulares ao Ibirapuera. Não acho justo em um parque público”, relata um frequentador regular.
As barracas instaladas no lugar dos bebedouros vendem água a preços considerados abusivos por muitos, e essa mudança tem gerado descontentamento generalizado. Frequentadores apontam que o acesso à água, algo essencial, não deveria ser cobrado em um espaço público como o Ibirapuera. Além disso, a remoção dos bebedouros vai na contramão de práticas de sustentabilidade, ao incentivar o uso de garrafas plásticas descartáveis.
Cessão de Terreno para Facilitar a Concessão
A decisão de conceder o Parque Ibirapuera à iniciativa privada foi facilitada pela gestão de João Doria, que, ainda como governador, cedeu à Prefeitura de São Paulo uma área de 85 mil metros quadrados do parque. Essa ação teve como objetivo tornar a concessão mais atraente para a Urbia, permitindo à empresa explorar o espaço em troca de investimentos em infraestrutura.
Na época, a justificativa para a concessão era que ela traria benefícios como modernização das instalações, melhoria na segurança e aumento das atividades oferecidas no parque. Entretanto, frequentadores questionam se essas promessas estão sendo cumpridas ou se o foco da concessionária é apenas maximizar o lucro, às custas do bem-estar do público.
Venda de Água e Exclusão Social
A substituição da grande maioria dos bebedouros por pontos de venda de água levanta questões sobre a privatização de serviços básicos em áreas públicas. A medida exclui especialmente aqueles que não podem pagar por água toda vez que visitam o parque. Para muitos, o Ibirapuera era um lugar de lazer democrático, onde todos podiam usufruir das mesmas facilidades, independentemente de sua condição financeira.
“Isso é um absurdo. Transformaram a água, um direito básico, em um produto que só pode ser acessado pagando ou sair em busca do tesouro por um bebedouro publico dentro do parque. O parque sempre foi um espaço para todos, e agora está virando um local onde só quem tem dinheiro consegue aproveitar tudo”, desabafa um visitante.
Além disso, a venda de água engarrafada em plástico também preocupa ambientalistas, que apontam o aumento da geração de lixo em um espaço que sempre buscou ser referência em práticas sustentáveis.
A Responsabilidade da Urbia e a Falta de Explicações
Até o momento, a Urbia não se pronunciou de forma clara sobre o motivo da remoção dos bebedouros. A empresa, que administra também outros parques da cidade, tem sido alvo de críticas por priorizar práticas comerciais, enquanto os frequentadores exigem o retorno de serviços básicos gratuitos. A falta de diálogo com a população só agrava a insatisfação, e a concessionária não apresentou planos para reverter a situação.
Concessões e a Administração Pública
Esse episódio é apenas uma amostra de como a concessão de espaços públicos à iniciativa privada pode impactar negativamente a população, especialmente quando não há garantias de que serviços essenciais continuarão disponíveis de forma gratuita. A concessão, que inicialmente foi vista como uma oportunidade de melhoria para os parques da cidade, agora é vista com desconfiança, pois coloca em xeque o direito dos cidadãos de acessarem esses espaços de forma democrática.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e a Urbia são pressionados a responder às críticas e reconsiderar essa decisão, antes que a insatisfação cresça ainda mais entre os paulistanos. Frequentadores organizam petições e manifestações para exigir a volta dos bebedouros públicos e a manutenção de serviços que garantam que o Ibirapuera continue sendo um espaço de lazer acessível a todos.
Conclusão: Privatização e o Futuro do Ibirapuera
A cessão do terreno pelo então governador João Doria para facilitar a concessão do Parque Ibirapuera à Urbia é um exemplo de como a privatização de espaços públicos pode criar exclusão e prejudicar o acesso da população a serviços essenciais. A retirada dos bebedouros e a venda forçada de água são sinais de que o interesse econômico da concessionária está se sobrepondo ao bem-estar dos cidadãos.
Com a pressão crescente, resta saber se a Prefeitura de São Paulo e a Urbia tomarão medidas para corrigir essas falhas ou se o parque mais icônico da cidade seguirá se afastando de sua essência de espaço público e democrático.
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