
Os lúdicos em seus parques e o Pari no abandono
Enquanto conselhos distritais e estruturas administrativas se emocionam entre si, se protegem mutuamente ou se ofendem diante de críticas legítimas, o bairro do Pari enfrenta, calado, um processo brutal de degradação urbana e abandono institucional.
As ruas denunciam o que os gabinetes ignoram:
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Fezes humanas nas calçadas e becos, fruto da explosão de moradias irregulares e da total ausência de fiscalização.
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Imóveis residenciais transformados em oficinas clandestinas, ferros-velhos e comércios ilegais, sem qualquer respeito ao zoneamento urbano.
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A chegada descontrolada de imigrantes sem estrutura mínima de acolhimento pressiona um bairro que já sofre com a negligência histórica do poder público.
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Vias públicas sendo usadas como banheiro, calçadas invadidas por lixo, colchões, carrinhos e restos de sucata.
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Aumento da criminalidade em festas noturnas e áreas mal iluminadas, sem presença efetiva da segurança pública.
| Isso não é diversidade cultural — é ausência completa de gestão urbana. E a cidade paga o preço.
Enquanto tudo isso acontece, a prioridade de parte da administração parece ser construir parques lúdicos para as “crianças emocionadas” da política local, ou quem sabe ampliar abrigos que incentivem ainda mais a concentração de carroceiros e estruturas de ferro-velho no centro urbano.
| A crítica legítima é tratada como ataque. A realidade nas ruas é tratada como exagero. E o bairro do Pari segue apodrecendo, ignorado por quem deveria defendê-lo.
E os velhos hábitos seguem firmes:
Por que as guias e calçadas só são pintadas — e as árvores podadas — durante períodos eleitorais?
O IPTU, no entanto, é cobrado o ano inteiro, religiosamente, para sustentar políticas desastrosas que priorizam a maquiagem urbana em vez da solução estrutural.
A Gazeta do Pari reafirma seu compromisso: não estamos aqui para alisar a administração pública, nem para servir de tapete a poderes temporários.
Estamos há mais de 13 anos no ar, sem ajuda política, sem parcerias de conveniência, sustentados apenas pela nossa convicção de que o jornalismo é a voz de quem não pode falar diretamente.
| Vamos continuar expondo as necessidades do bairro — e sim, elogiando quando houver mérito real. Mas jamais trocaremos nossa independência por favor, silêncio ou cumplicidade.
A Gazeta do Pari é, e continuará sendo, o eco da voz invisível do povo pariense.
E enquanto houver descaso, haverá denúncia.
Autor: Ricardo F. Ramos
Jornalista – MTB/SP
Diretor da Gazeta do Pari