
Lixo e abandono em frente à Biblioteca Adelpha Figueiredo na Praça Ilo Ottani
Por Ricardo F. Ramos – Gazeta do Pari
Moro há 64 anos no bairro do Pari. Conheço cada rua, cada esquina, cada problema. E posso afirmar, com total propriedade: o que mais falta no Pari hoje não é um “parque lúdico” com musiquinha, mas sim segurança, ordem e respeito aos moradores.
Estamos enfrentando uma crise grave de segurança pública e desorganização urbana. Oficinas clandestinas continuam se espalhando como pragas. Há denúncias sérias de trabalho escravo e exploração de imigrantes em condições degradantes. Máquinas pesadas operando simultaneamente sobrecarregam a rede elétrica, provocando quedas de energia frequentes. O lixo se acumula, e a fiscalização é praticamente inexistente.
E qual é a prioridade da Subprefeitura da Mooca junto ao CPM? Criar um parque lúdico em frente à Biblioteca Adelpha Figueiredo!
Isso já seria um contrassenso por si só. Mas fica ainda pior: ao lado dessa biblioteca está a Vila dos Idosos – um espaço que deveria prezar pelo silêncio, bem-estar e sossego dos moradores da terceira idade. E o que se propõe ali? Eventos com música e dança, com som alto!
É uma piada de mau gosto. Já tivemos que chamar a polícia diversas vezes para conter perturbações sonoras nesse local. E agora querem oficializar esse tipo de atividade como “parque lúdico”? Como conselheiro suplente, afirmo com clareza: essa proposta vai na contramão das reais necessidades do bairro.
O Pari enfrenta ensaios em vias públicas, bares com som abusivo, insegurança crescente e abandono urbano. E querem enfiar verba pública em um “parquinho”? Isso é mais que irresponsabilidade — é desconhecimento profundo da realidade local.
Vale lembrar: o Pari e o Brás estão entre as maiores fontes de arrecadação municipal de São Paulo. E o que temos em troca? Esquecimento. Insegurança. Falta de estrutura.
O bairro precisa de segurança, ordem, fiscalização e respeito. Não de fantasias que beneficiam interesses políticos ou midiáticos, ignorando a população que vive aqui.
O mínimo que esperamos é que a Sub Mooca e o CPM tratem o bairro com seriedade. Chega de maquiagem urbana. Queremos soluções reais.
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O Circo do Parito – Uma criação de Wagner Wilson, nascido e criado no Pari
Diante das recentes propostas do CPM e da Sub Mooca, só me resta uma alternativa: oficializar a criação do CIRCO DO PARITO. Afinal, se o bairro está sendo tratado como piada, por que não assumir de vez o espetáculo?
Sim, o Circo do Parito será itinerante, mas sempre começando seu show na frente da Biblioteca Adelpha Figueiredo, com trilha sonora garantida por caixas de som de bares da redondeza e com ensaios em vias públicas como abertura oficial do espetáculo.
Teremos:
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Oficina clandestina de horrores
(com ruído industrial 24h e quedas de energia como efeitos especiais) -
Show dos Imigrantes Explorados
(em cartaz nos fundos de galpões ilegais) -
A Dança dos Barris de Lixo
(coreografada pelas ruas sem coleta regular) -
O Palhaço do Planejamento Urbano
(interpretado pelo autor da ideia de parque lúdico em área de conflito urbano)
E como convidados especiais: os moradores da Vila dos Idosos, que ao invés de descanso e sossego, ganharam de presente mais barulho, mais confusão e mais abandono institucional.
Esse é o retrato do Pari em 2025.
Enquanto os verdadeiros problemas se acumulam, a proposta oficial é pintar de colorido uma tragédia silenciosa que muitos fingem não ver.
Se o problema é falta de seriedade, então batizemos com humor amargo: bem-vindos ao Circo do Parito.