
Ricardo F. Ramos – Jornalista (MTB registrado), escritor, produtor musical e hipnólogo clínico
Enquanto a cidade enfrenta desordem, o Conselho Participativo da Mooca vive uma guerra interna absurda.
Enquanto o bairro do Pari e regiões vizinhas enfrentam caos urbano, lixo acumulado, moradores de rua, criminalidade crescente e desordem generalizada, o Conselho Participativo Municipal da Subprefeitura Mooca (CPM Mooca) se ocupa de algo totalmente alheio às reais necessidades da população: brigas internas, perseguições e tentativas de exclusão política.
Recentemente, membros do conselho convocaram uma reunião extraordinária, endossada pela Coordenadoria da Casa Civil, com pauta voltada à tentativa de expulsar a conselheira-secretária que expressou divergência sobre a condução política adotada por determinados membros.
A acusação? Quebra de decoro.
Não entro no mérito da conduta da secretária, mas trago uma observação direta: o mesmo tipo de conduta partiu de outro conselheiro, que, dentro do grupo oficial do CPM, se dirigiu a mim dizendo para “calar a boca” e afirmou que “o silêncio seria a melhor opção”. A frase foi direcionada a mim pessoalmente, e ocorreu em ambiente oficial.
Se há decoro a ser defendido, que ele seja aplicado igualmente a todos. Do contrário, resta a dúvida: a Casa Civil enxerga com bons olhos esse tipo de seletividade? Estaria a própria estrutura institucional, que deveria garantir equilíbrio, sendo usada para validar perseguições travestidas de moralidade?
Como jornalista e também conselheiro suplente do bairro do Pari, testemunhei absurdos dentro do grupo oficial do CPM: censura, exclusões, perseguição ideológica e manipulação de reuniões. Um conselho que deveria representar a população se transformou em palco de vaidades pessoais e disputas partidárias.
Por trás da cortina: ONGs, verbas e micro poder
Não é preciso cavar muito fundo para perceber o que está em jogo. Por trás de muitos dos debates e “brigas por decoro” estão:
- Disputa por ONGs conveniadas
- Projetos com verba pública
- Aparelhamento político
- Apadrinhamentos disfarçados de “participação social”
O modelo dos CPMs foi originado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, com o discurso de democratizar as decisões regionais. Mas, na prática, muitas vezes virou palco de disputas por recursos localizados, sem transparência ou entrega real à população.
Enquanto isso, o bairro do Pari sofre com sujeira, abandono e insegurança, e o CPM discute a instalação de parques lúdicos em áreas tomadas por fezes, urina e falta de estrutura.
Um ambiente que adoece
Como hipnólogo clínico, também posso afirmar: o ambiente emocional e vibracional dentro do CPM é tóxico. Discussões, agressões veladas, ironias, silenciamento, tudo isso gera um campo de baixa frequência que adoece não só a instituição, mas as pessoas de boa intenção que nela tentam atuar.
E por isso tantos se afastam. Pessoas capacitadas, com formação e vontade de contribuir, logo percebem que o espaço virou um palco de ofensas e jogos de vaidade.
Uma verdade incômoda
O ex-prefeito de São Paulo Reynaldo de Barros uma vez disse:
“Esses conselhos não servem pra nada. Só pra encher o saco.”
Infelizmente, como jornalista e conselheiro suplente, posso dizer que essa frase, ainda que dura, retrata o sentimento de quem tenta fazer algo sério e encontra um campo minado.
Reflexão final: para quem serve o CPM hoje?
Diante de tanto descaso com as reais prioridades da cidade e da região, deixo uma única pergunta:
O Conselho Participativo Municipal é hoje um instrumento de cidadania, ou uma arma de politicagem e vaidade, sem poder prático, sem efetividade, sem representação verdadeira?
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