
Por Ricardo F. Ramos – Gazeta do Pari
A reunião mensal do Conselho Participativo Municipal (CPM) da Mooca, realizada recentemente, revelou não apenas a repetição dos problemas nos bairros — como lixo acumulado, moradores de rua, oficinas clandestinas e descarte irregular de resíduos —, mas também levantou preocupações mais sérias sobre o direcionamento político das reuniões e a perda de foco no interesse coletivo.
A seguir, os principais pontos observados e relatados por conselheiros e participantes:
▪ A coordenadora impediu uma moradora de falar e teria excluído pessoas críticas do grupo “CPM Munícipes”, hoje renomeado para SÃO PAULO LIMPA.
Participantes relataram que, ao tentar levantar questões relevantes, uma moradora foi interrompida e impedida de concluir sua fala. Posteriormente, membros que expressaram críticas à condução do conselho foram removidos do grupo de comunicação oficial, que antes era aberto a todos os conselheiros e moradores.
▪ A reunião estaria virando palco político, com favorecimento de amigos, assessores e membros de uma “panelinha”.
A dinâmica do encontro foi marcada pela presença de apoiadores da coordenação e uso do espaço para elogios a figuras próximas, criando um ambiente de favorecimento e destaque a aliados, em detrimento da pluralidade de vozes.
▪ Há insatisfação com a presença de conselheiros que buscam apenas projeção pessoal e desrespeitam o tempo de fala.
Foi observado que alguns participantes têm usado o CPM como plataforma de visibilidade pessoal, ignorando regras como o limite de 3 minutos por fala e prolongando discursos de forma repetitiva, o que atrapalha o andamento dos debates.
▪ Acusações de que o CPM virou um balcão de ofícios (156), com foco limitado à região do Belém, em detrimento de outras áreas.
Segundo denúncias, o conselho estaria sendo utilizado como canal exclusivo para resolver demandas de uma única região, desviando-se de sua função representativa e deixando outros bairros sem a devida atenção.
▪ Reclamações sobre manipulação de reuniões para blindar críticas e usar o espaço do CPM como instrumento de poder político.
Relatos apontam que os encontros vêm sendo organizados de forma a evitar confrontos, blindar lideranças de críticas públicas e manter o controle da pauta. Representantes de outras esferas, como CONSEGs, não foram sequer mencionados, gerando desconforto entre conselheiros.
▪ “Teatro e choro”: conselheiros relatam uso emocional da fala como recurso político.
Segundo um dos relatos, após ser confrontada por críticas e cobranças sobre acordos anteriores, a coordenadora teria reagido de forma emocional, “chorando na frente da coordenadoria de subprefeituras” — gesto visto por alguns como tentativa de dramatização e desvio do foco institucional da reunião.
Este resumo foi colhido com base na opinião de conselheiros e coordenadores que participaram da reunião.
A Gazeta do Pari reforça seu compromisso com a escuta plural, a transparência pública e o acompanhamento contínuo dos conselhos municipais da cidade.